Vinho afrodisíaco volta ao centro das atenções graças a novos estudos que investigam a possível ligação entre a bebida e o aumento da libido. Pesquisadores italianos, húngaros e especialistas em sexualidade analisam se uma taça pode, de fato, esquentar o clima romântico sem comprometer a saúde.
Reconhecido historicamente como um símbolo de prazer, o vinho reúne atributos culturais, sensoriais e químicos que favorecem a sua fama sedutora. Ritual de abertura da garrafa, aromas que despertam os sentidos e o leve relaxamento alcoólico compõem esse imaginário.
Vinho afrodisíaco: estudos indicam relação com libido
A relação entre vinho e desejo sexual já era celebrada na Antiguidade, quando Dionísio (ou Baco, na mitologia romana) personificava a união entre festas e prazer. No presente, cientistas tentam comprovar se a tradição encontra respaldo biológico.
Um estudo italiano de 2010 mostrou que o consumo moderado de vinho tinto elevou o desejo sexual e a lubrificação vaginal em mulheres em comparação a não consumidoras. Em 2023, universidades de Catânia e Magna Graecia revisitaram o tema e apontaram os polifenóis como possíveis aliados da função reprodutiva. Já em 2024, cinco instituições húngaras detectaram melhora no desempenho sexual masculino, com aumento discreto nos níveis de testosterona e qualidade do sono, desde que a ingestão fosse limitada a poucas taças.
Os autores associam esses resultados, sobretudo, ao resveratrol e a outros antioxidantes encontrados na casca da uva. Essas moléculas estimulam a produção de óxido nítrico, provocando vasodilatação, o que pode favorecer a ereção e a lubrificação. Uma análise da Harvard Medical School reforça o potencial cardioprotetor do resveratrol, benefício que indiretamente melhora a circulação e, por extensão, a resposta sexual.
A ginecologista Thais França pondera, porém, que o efeito é indireto. “Não existe comprovação de que a bebida atue diretamente na libido; o que vemos é um relaxamento que facilita o contato íntimo. Exagerar no álcool tem o efeito contrário”, alerta.
Sommelière e colunista de vinhos, Elaine de Oliveira concorda: “O poder afrodisíaco está mais no contexto social. O som da rolha, a cor rubi no copo, o convite a conversar sem pressa – tudo isso cria intimidade”. A culinarista Carla Pernambuco complementa que aromas e sabores complexos podem estimular ainda mais os sentidos.
Imagem: Getty s
Entre as uvas preferidas para ocasiões de sedução, especialistas citam Pinot Noir e Shiraz (Syrah) pela elegância aromática e versatilidade à mesa. Merlot, Cabernet Sauvignon, Malbec e até um Vinho do Porto Tawny envelhecido surgem como alternativas doces para encerrar a noite. Quem prefere espumantes pode apostar na Champagne, tida por Pernambuco como “a grande afrodisíaca”. Entre os brancos, destaca-se o Chardonnay, cujas notas cítricas e teor alcoólico moderado relaxam sem causar sono.
Quanto à quantidade, pesquisas recomendam moderação: uma a duas taças diárias para mulheres cis e demais pessoas com vulva; até três para homens cis e demais pessoas com pênis. Ultrapassar esse limite pode levar à queda de libido e à impotência temporária, arruinando o encontro.
Em resumo, o vinho pode, sim, ajudar a criar um ambiente propício ao romance, seja pela química dos polifenóis, seja pelo ritual envolvente que estimula os sentidos. O segredo está em apreciar devagar, valorizando o momento em vez de buscar efeitos milagrosos.
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Crédito: Marie Claire Brasil


