Base para pele negra passa a ocupar lugar de destaque no mercado de luxo nacional após a Lancôme anunciar, em Salvador, a chegada de todos os tons da linha Teint Idole Ultra Wear desenvolvidos para peles pretas e pardas.
O evento, realizado no histórico Palacete Tira-Chapéu, marcou o início de um portfólio em que 56% dos produtos comercializados no País atendem à diversidade de tons da população brasileira, hoje majoritariamente composta por pessoas negras.
Base para pele negra: Lancôme expande tons no Brasil
Raphael Bezerra, diretor da marca, destacou que a iniciativa insere o consumidor negro no centro da estratégia e se conecta ao programa Afroluxo, braço da divisão de luxo do Grupo L’Oréal que promove letramento, combate práticas discriminatórias e estabelece protocolos antirracistas nas lojas.
A escolha de Salvador — reconhecida como a cidade fora da África com maior concentração de população negra — reforçou o caráter simbólico do lançamento. No bate-papo mediado pela editora Priscilla Geremias, participaram a líder de maquiagem da Lancôme, Emanuelle Oliveira, a jornalista Rita Batista, a estilista Carol Barreto e a criadora de conteúdo Lili de Almeida. O grupo discutiu ancestralidade, pertencimento e a ideia de Afroluxo como expressão cotidiana de sofisticação negra.
Enquanto influenciadores testavam as novas bases, relatos lembraram que, por muito tempo, consumidoras negras recorreram a “misturinhas” caseiras para encontrar o próprio tom. A chegada da cartela completa evita improvisos e fortalece a autoestima, afirmou a modelo e DJ Lunna Montty.
O programa inclui ainda treinamento de equipes de venda, auditorias anuais com foco racial, criação de um protocolo de atendimento de luxo antirracista e o Pacto Afroluxo de Enfrentamento ao Racismo, primeira coalizão do segmento que une varejo e indústria em torno de metas concretas.
Outro pilar é o Código de Defesa e Inclusão do Consumidor Negro, elaborado em parceria com o Movimento pela Equidade Racial (MOVER). O documento, de caráter moral, detalha situações de atendimento diferenciado — da demora no caixa à oferta não solicitada de parcelamentos — e convoca o setor a adotar práticas igualitárias. Dados do IBGE indicam que pessoas negras representam 56% da população brasileira, reforçando a urgência de normas que protejam esse público.
A masterclass conduzida pelo maquiador especialista em pele negra Tassio Santos mostrou técnicas para identificar subtons e evitar efeitos acinzentados ou avermelhados. Santos lembrou que encontrou na Lancôme uma das primeiras bases compatíveis com o próprio tom e celebrou a expansão como “resposta ao desejo de fazer as pessoas se sentirem especiais”.
Imagem: Heder Novaes
Para a influenciadora e maquiadora Beberes, ampliar a grade de cores deveria ser premissa de qualquer marca disruptiva: “Não podemos limitar a pele a dez tonalidades”. Carol Barreto acrescentou que a movimentação pode inspirar outras empresas a replicar o modelo de transformação.
Emanuelle Oliveira explicou que a “tropicalização” da marca envolve reconhecer a pluralidade de tons e adaptar estratégias globais à realidade brasileira: “Ser uma grife de luxo em um território tão diverso nos dá responsabilidade de garantir que todas as mulheres se vejam em nossos produtos”.
O objetivo, segundo a Lancôme, é que cada consumidora encontre sua melhor versão ao olhar para o espelho, sem recorrer a combinações improvisadas. A expansão também contribui para que experiências em lojas de luxo deixem de ser marcadas por constrangimentos e passem a oferecer acolhimento e representatividade.
Foto: Heder Novaes
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