Pai cego vira sucesso na internet com rotina da filha. Pai cego Claudemir, pastor missionário que nasceu sem visão, transformou a convivência familiar em conteúdo online capaz de alcançar milhares de seguidores e derrubar estigmas sobre deficiência visual.
Graças à iniciativa da filha Déborah, que desde pequena descreve o mundo ao pai por meio do tato e da audição, a dupla encontrou nas redes sociais um palco para reforçar independência, empatia e bom humor. A decisão de gravar vídeos curtos surgiu após amigos pedirem que os stories do Instagram fossem mantidos, evoluindo rapidamente para perfis de sucesso no TikTok e no próprio Instagram.
Pai cego vira sucesso na internet com rotina da filha
A família convive com a deficiência há gerações: dois dos dez filhos dos avós de Déborah nasceram cegos, inclusive Claudemir. Para ela, a cegueira sempre foi contexto normal, mas o olhar de estranhamento externo a motivou a expor o cotidiano real e combater a associação equivocada entre deficiência física e incapacidade intelectual.
Nos vídeos, situações comuns ganham leveza: portas deixadas abertas viram piada, erros cotidianos são assumidos sem filtros e o pastor aparece organizando tarefas até melhor que a esposa e as filhas. O objetivo nunca foi criar conteúdo motivacional, e sim mostrar que a família é como qualquer outra. Essa autenticidade engajou outras famílias, sobretudo pais com deficiência visual que encontram esperança ao ver um adulto autônomo vivendo com humor.
Déborah relata que comentários maldosos diminuíram à medida que a audiência passou a compreender melhor a rotina de uma pessoa cega. Segundo ela, os maiores incentivos vêm de mensagens privadas, como a de uma mãe que enxergou nos vídeos “a vida adulta” que sonha para o próprio filho. O legado digital, afirma a criadora, é “um exercício permanente de empatia”.
O impacto social reflete tendência apontada por estudos da Agência Brasil, que destacam como conteúdos inclusivos reduzem estereótipos e aproximam pessoas com e sem deficiência. A visibilidade, portanto, vai além do entretenimento e contribui para políticas de acessibilidade ao ampliar o debate público.
Hoje, a conta que começou por acaso soma milhares de seguidores e inspira até outras plataformas a adotarem recursos de acessibilidade, como descrição de imagens e legendas em áudio. Para Déborah, o retorno mais valioso é ver pessoas repensando perguntas antes consideradas “normais”, mas que carregavam preconceito.
Imagem: Reprodução
Em casa, o sucesso digital não alterou a rotina essencial: portas continuam fechadas para evitar acidentes, e audiolivros seguem entre os passatempos preferidos de Claudemir. A diferença está na confiança renovada de que a sociedade pode evoluir ao enxergar — mesmo sem ver — as capacidades de quem vive com deficiência visual.
Ao transformar experiências pessoais em aprendizado coletivo, pai e filha comprovam que humor, informação e presença online são ferramentas poderosas de inclusão.
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Crédito da imagem: Arquivo pessoal/Débora


